terça-feira, 5 de novembro de 2013

Paula Fernandes atuou no MEO Arena, em Lisboa





Paula Fernandes, a cantora mineira do momento, conquistou a capital portuguesa com um mega-show (usemos a expressão da artista) que revelou bem a essência simples, genuína e talentosa da artista, cuja voz nos chega primeiro que a imagem numa apresentação onde fica logo bem claro: «Não fui eu que escolhi a música, foi a música que me escolheu a mim».

Com um lado assumidamente espiritual, as energias de Paula Fernandes foram canalizadas para um público, maioritariamente feminino e em menor número do que seria de esperar, que ansiava por receber em palco a artista que mantém há mais de uma centena de semanas no top nacional de vendas, com oscilações que frequentemente a põem no top ten. Mesmo tendo-se feito esperar (entrou em palco depois das 22h30 e desculpou-se por isso), Paula Fernandes conquistou o coração dos portugueses à primeira batida de `Coração na Contramão' e ao fim da segunda canção, 'Se o Coração', já a jovem mineira dizia estar a sentir-se em casa: «A missão hoje é emocionar-vos» e logo o ritmo começa a abrandar com 'Não Precisa'.

Neste momento e durante as próximas três canções, Paula Fernandes entra num registo muito intimista e, tal como prometera, muito emocionante, ou não se socorresse de um dos temas mais heartbreaking de uma das suas fontes de inspiração: 'Still The One', de Shania Twain, que aqui soou como um lamento. Junte-se 'Eu Sem Você' a imagens projectadas de elementos da natureza e uma cantora deslumbrante, numa saia comprida de tule que lhe confere um ar de princesa sentada à beirinha do palco, e temos uma doçura mágica encarnada num Ser Humano que se fecha com 'Jeito de Mato' e 'Seio de Minas'.

O registo "Paula Fernandes - Ao Vivo" já vendeu mais de um milhão de cópias e porquê? Talvez porque os seus concertos, apesar de serem o resultado de uma grande e estruturada produção, têm aquela dose de improviso que nos faz acreditar que cada espectáculo será uma experiência irrepetível. A naturalidade com que Paula Fernandes conduz o seu show voltou a ficar comprovada quando pediu a uma menina para subir ao palco e uma fã «de blusa branca» que se encontrava, tão somente, do lado oposto da sala. Com as «duas estrelinhas» em palco, como Paula Fernandes lhes chamou, seguiu-se o momento de «peguem nos vossos telemóveis e acendam-nos». A cantora quis reproduzir no MEO Arena uma espécie de céu estrelado para compensar a ausência da sua meia-lua de três metros que a acompanha na digressão brasileira e que, por motivos de logística, não pode atravessar o oceano. Tudo isto serve de moldura a 'Um Ser Amor', um grande êxito impulsionado pela telenovela "Amor à Vida", da qual integra a banda sonora.

Enquanto a artista troca de roupa para uma mini-saia florida, uns totós coadjuvados por um violão também florido e com fitas coloridas, podemos ver no ecrã gigante várias fotografias suas, em criança, no meio do mato e dos animais, até à sua primeira cantiga de sempre, uma interpretação infantil de 'Desculpe, Mas Eu Vou Chorar', de Leandro e Leonardo. Paula Fernandes, cheia de sentido de responsabilidade pelo dom que todos comprovamos que tem, apresentou em seguida um reportório muito animado que abre caminho para a roça e para o forró que Paula dançou e fez dançar de tal forma que até se descalçou. 

A artista aproveitou este momento para saudar os fãs que estavam mais ali à frente, fez comentários engraçados sobre quase todos eles, e sensibilizou a plateia com os sucessivos agradecimentos por todos os importantes momentos que já viveu em Portugal. Na canção 'Nunca Mais Eu e Você', Paula Fernandes volta a mergulhar no registo da desilusão amorosa, desta vez envergando um capuz que lhe cobre o corpo inteiro e só o rosto da cantora fica iluminado pelas luzes que o próprio fato tem incorporadas, o confere ao momento um dramatismo muito intenso. Mas nem só de ex-namorados vem a inspiração para o seu concerto. Shania Twain e Taylor Swift voltam a ser "convidadas a aparecer"; a primeira na versão de 'Man I Feel Like a Woman', e a segunda no tema que também muito entusiasma os fãs no qual as duas fazem um espectacular dueto, 'Long Live'.

Já na recta final, 'Pra Você' e 'Pássaro de Fogo' levaram os fãs a acompanhá-la a plenos pulmões ao mesmo tempo em que o magnífico palco se enchia de luzes e cor, com os seus seis músicos a darem a cara e a ajudarem a reforçar o clima de informalidade da noite, que fica completo por um fã, «pai de família», pedira a cantora, que, afinal, não sabia assim tão bem a letra da canção e teve de contar com uma ajudinha profissional e do público. Lá está, de saudar, o quanto Paula Fernandes arrisca por chamar ao palco gente que, de facto, não conhece nem sabe ao certo como se vai comportar.

Um espectáculo seu é quase como abrir um diário e ler, à socapa, as histórias amorosas que ali dormem mas que despertam em canções como estas que serviram, principalmente, para mostrar disco e digressão "Meus Encantos" numa altura em que a cantora já se prepara para apresentar "Um Ser Amor", disco que já está à venda em Portugal desde segunda-feira passada.

Uma nota, ainda, para a cantora Suzana que abrilhantou a primeira parte do concerto da brasileira. Com uma carreira que Portugal tem visto crescer, Suzana parece ter abandonado o ar romântico e calmo que caracterizava as suas actuações para surgir numa versão mais arrojada e cheia de brilho num glamour que lhe assenta bem. Apesar de tudo, o público não esquece os seus maiores êxitos e nota-se o quanto se empolga ao ouvir 'Quando Ele Me Chama Mãe'. Contudo, a seguir, há lugar para ritmos mais dançáveis e bailarinos (sim, do sexo masculino) numa sincronizada dança.





Fonte: Cotonete







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